Estamos em tempo de Santos Populares. Há bandeirolas coloridas espalhadas pelas ruas, manjericos nas janelas e nas montras das lojas. Cheira a sardinha assada. Ouvem-se as marchas em honra de Santo António, o santo casamenteiro.
Santo António viveu entre os séculos XII e XIII, nasceu em Lisboa por volta de 1195 e foi batizado com o nome de Fernando. Ingressou na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz, que seguiam a Regra de Santo Agostinho, no convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, posteriormente para o convento de Santa Cruz de Coimbra, onde aprofundou os seus estudos. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito. Pela sua cultura teológica e eloquência, foi nomeado Mestre em Teologia em Bolonha. Morreu em Pádua, talvez com 40 anos. Foi canonizado pela Igreja Católica pouco tempo depois. É padroeiro da cidade de Lisboa e da cidade de Pádua, também.
Adoro as festas de Santo António, principalmente as de Lisboa com as marchas. A festa cheira a sardinha e a manjericão. Santo António tem também aí a devoção dos noivos – Se o bendito Santo António / este ano me casar / cá voltarei para o ano / pôr flores no seu altar. São tão bonitos os casamentos de Santo António! O manjericão enfeita o trono do santo existente em cada bairro da cidade. Algumas fogueiras ainda se veem, resquícios das velhas festas dos solstícios que celebrava o sol. Muita diversão e alegria!
O meu santo predileto é o S. João. Talvez pela ternura que transmite com o cordeirinho ao colo ou então pela própria história de vida de S. João Baptista.
Não se sabe bem quando começaram os festejos a S. João. Oficialmente, trata-se de uma festividade católica em que se celebra o nascimento de João Baptista. A festa de S. João no Porto tem origem no solstício de Verão e, inicialmente, tratava-se de uma festa pagã. Festejava-se a fertilidade associada à alegria das colheitas e da abundância. Mais tarde, a Igreja cristianizou esta festa pagã e atribui-lhe o S. João como padroeiro.
Consta na crónica de Fernão Lopes que, por alturas do s. João, se terá deslocado à cidade para preparar a visita do rei para a grande festa que aí se fazia. Também por essa altura, a Câmara Municipal do Porto, se reunia em Assembleia Magma, no claustro do Mosteiro de S. Domingos, porque o espaço era grande, e se procedia à eleição dos vereadores e se tomavam decisões muito importantes para a cidade.
João, melhor dizendo João Baptista, foi um profeta que previu o advento do Messias na pessoa de Jesus. A noite de 23 de Junho, véspera do dia de S. João, marca o início da festa de S. João Baptista.
Segundo o evangelho de S. Lucas, João Baptista nasceu seis meses antes de Jesus. Assim sendo, a festa de S. João foi fixada para 24 d Junho, exatamente seis meses antes do Natal.
Remonta ao período medieval a celebração dos Santos Populares, Santo António, S. João e S. Pedro. Segundo os evangelhos, S. João é o maior dos profetas porque pode apresentar o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O dia de S. João é um dos mais antigo festivais do cristianismo, já aparecendo no Concílio de Agde, em 506 dC, como um dos principais festivais da época, celebrado com três missas: uma pela manhã, uma ao meio-dia e outra ao por do sol. O nascimento deste santo e celerado pelas Igrejas Católica, Anglicana e Luterana. Na Igreja Ortodoxa, S. João Baptista é geralmente chamado de S. João, o precursor, ou seja, o objetivo da sua vida foi preparar o Caminho para o advento de Jesus.
A festa de S. João no Porto é uma festa cheia de tradições, dos quais se destacam os alhos-porros, usados para bater nas cabeças das pessoas que passam, os ramos d cidreira, usados pelas mulheres para pôr na cara dos homens que passam e o lançamento de balões de ar quente. A partir dos anos 70, foram introduzidos os martelinhos de plástico. Não acho muita piada a isto, confesso… Existem ainda os tradicionais saltos nas fogueiras espalhadas pela cidade, normalmente nos bairros tradicionais, os vasos de manjericos com versos populares e o fogo de artificio à meia-noite, junto ao Rio Douro e à ponte D. Luís.
Dos meus tempos da escola primária, recordo esta quadra:
S. João, santo bonito
bem bonito que ele é!
Com os seus caracóis de oiro
e o seu cordeirinho ao pé!
Para a semana festejamos o S. Pedro.
Pedro, um dos doze apóstolos de Jesus, considerado o primeiro Bispo de Roma e o primeiro Papa.
Pensa-se que o seu verdadeiro nome fosse Simão Pedro. Era pescador e tornou-se apóstolo de Jesus. Depois da morte deste, Pedro tornou-se pregador da nova doutrina, tendo passado por várias cidades na sua evangelizadora. Por causa disso, foi martirizado em Roma entre 64 e 67 dC. O seu túmulo está localizado na Basílica de S. Pedro, no Vaticano, e foi descoberto em 1950 após anos de meticulosas investigações.
A mais antiga imagem conhecida do apóstolo Pedro foi descoberta em 2010, nas catacumbas sob a cidade de Roma, e data do século IV. No mesmo lugar, foram também descobertas imagens dos apóstolos Paulo, André e João. As obras fazem parte de um grupo de pinturas em torno de uma imagem de Jesus Cristo como o Bom Pastor no teto do que os estudiosos acreditem ter sido o túmulo de um nobre romano.
Mas…
O que mais gosto da festa de S. Pedro é o facto de nesse mesmo dia se comemorar o aniversário da minha grande amiga, amiga de infância, Eduarda Negrão.
A Eduarda é minha amiga desde os seis anos de idade, desde os bancos da escola primária.
A Eduarda é uma menina doce, alegre, bem disposta, calma, com umas mãos brilhantes para a arte da costura. Faz os miminhos mais lindos a partir de pedacinhos de tecido.
Estudamos juntas desde a primeira classe até ao décimo segundo ano. Partilhamos muitas aventuras, muitos desabafos, muitas alegrias e tristezas. Eramos as meninas das tranças e do Colégio!
Amizades assim são para a vida toda.
Na festa de S. Pedro brindo ao aniversário da Eduarda.
Que Deus lhe dê o melhor da Vida e que lhe mantenha aquele brilho nos olhos que só ela tem.
Gosto muito de ti Eduarda!
Vivam as festas populares!