Tenho vontade de escrever.
Apetece-me escrever umas palavras que ouço aqui dentro da minha cabeça.
Escrevo.
Risco.
Rasgo.
Lixo com elas.
Disparate! Tem lá isto sentido!?
Mas o que faço com esta vontade?
Escrevo novamente.
E novamente Risco. Rasgo. Lixo.
E novamente pergunto: o que é isto?
E novamente sinto esta vontade louca de passar para o papel estas palavras soltas que me caem da alma.
Terão sentido?
Talvez não. Mas está tudo aqui preso dentro do meu coração. E tem de sair.
Escrevo do tempo e das pessoas.
Do que ouço e vejo. E de como vejo! É que os meus olhos estão cheios de vontade de ver esperança e amor mas…
Passam humanos na rua. Zangados. Cansados. Desiludidos talvez.
Falam do tempo que hoje faz e do que ontem fez,
ontem reclamavam do calor,
hoje temos chuva, que horror!
O que acontece com esta gente que nunca está feliz!?
Traz consigo um passado descontente,
prevê um futuro infeliz
e faz do presente um rosário de mágoas.
Não vive. Sobrevive.
Deixando o viver para amanhã.
Amanhã se fará.
Amanhã se dirá.
Amanhã. Tudo amanhã.
Mas esse amanhã nunca existe.
E quando dão por si:
“Já foi. Já partiste”…
Mas talvez tudo isto que aqui escrevo não tenha sentido nenhum.
Não me culpem a mim. Culpem a voz que grita do meu coração.
E agora que escrevi, encontro um estranho sossego.