Apesar da repressão, o salazarismo nunca deixou de ser contestado. A principal força política organizada, ainda que na clandestinidade, era o Partido Comunista (PCP), que dispunha de grande influência entre os intelectuais, bem como nos meios operários e no campesinato do Alentejo. Foram igualmente ativos, na luta pela liberdade, os democratas republicanos e socialistas.
Nas eleições de 1945, as forças políticas oposicionistas, congregadas no Movimento de Unidade Democrática, o MUD, reclamaram a democratização do país. No entanto, perante o desrespeito do governo pelas regras democráticas, o MUD acabaria por recomendar a abstenção aos seus apoiantes, tendo a União Nacional (o partido único salazarista) elegido todos os seus candidatos. A ação do MUD teve um enorme impacto sobre a opinião pública. E Salazar apercebeu-se disso: a PIDE perseguiu mais ativamente os opositores do regime e o Governo demitiu a maior parte dos funcionários, professores e elementos do Exército que tinham apoiado o MUD.
Um novo momento de grande contestação ao regime salazarista surgiria com as eleições presidenciais de 1949. O candidato da oposição, general Norton de Matos, embora forçado a desistir, conseguiu grande adesão popular.
Todavia, o maior sobressalto para o salazarismo aconteceu com a candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República, em 1958. Este militar no ativo suscitou um enorme entusiasmo popular e reuniu à sua volta todas as forças contrárias ao regime. Teria alcançado a vitória se o governo de Salazar não tivesse manipulado os resultados eleitorais. O presidente “eleito” foi o almirante Américo Tomás, que se manteve em funções até 1974.
Humberto Delgado foi obrigado a exilar-se no Brasil e, em 1965, foi assassinado em Espanha por elementos da PIDE.
A atuação violenta e arbitraria da polícia política revelava um endurecimento do regime, que se sentia cada vez mais ameaçado e contestado. Muitos intelectuais prestigiados, como Jaime Cortesão e António Sérgio, e até um elemento do hierarquia católica. D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, opunham-se ao salazarismo, insistindo na necessidade de o país se democratizar. Todavia, às criticas, o regime respondia com a prisão e o exílio.
(repressão durante a campanha de 1958)